quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mudanças

Cá vou eu para o trabalho, normalmente de fato e de saltos altos. Tenho saudades das minhas botas de biqueira de aço, assim não precisava de me preocupar em desviar-me das poças de água. Nestes últimos dias faz frio que se farta pela manhã. E tem chovido também. Mas incrivelmente as raparigas com menos 10 anos do que eu vão sem chapéu, sem casaco e sem mochila. Eu que andei de mochila até entrar na faculdade. Começo a questionar-me se estas adolescentes nasceram com uma camada adiposa castannha que não desapareceu após passarem do estado de recém-nascidas e que as protege de tal modo que podem andar de barriguinha à mostra e de cavas mesmo quando chove e faz frio, poderá ser uma tese interessante se alguém se quiser dedicar a tal assunto. Pergunto-me também se agora os estudantes já não têm tpc's e se já não existem faltas de material. É que na minha altura todos os dias tinhamos coisas que fazer, mais que não fosse trazer os livros para estudar para os testes e eu posso jurar que vejo algumas criaturas que nunca andam com livros/cadernos/dossiers, ou seja o que for, atrás. E nesta divagação, lembrei-me do meu professor de Filosofia do 11º ano. Ao contrário da maioria das pessoas, eu gostava de Filosofia (e de Genética e do Prof. João Pinto na faculdade), devo ter nascido com algum problema de formatação, mas a minha camada adiposa (a castanha... e a branca) há muito que desapareceu. Voltando à Filosofia, tinhamos sempre imensos trabalhos de casa e invariavelmente ninguém os fazia ou não os fazia com interesse. Eu que gostava da coisa esmerava-me por fazer aquilo. E assim, comecei a ser a aluna preferida e a responder todos os dias aos tpc's. E como já sabia que no dia seguinte ele me ia perguntar a mim, tentava sempre que ficasse tudo perfeito. Assim, safei-me de levar com os bocados de giz e o apagador que o professor costumava arremessar. Hoje em dia, parece-me que a escola é apenas uma antecipação daquilo a que eu chamo o "desfile das vaidades". Hoje em dia tenho esses acontecimentos e tento estar à altura das ocasiões, mas durante o tempo de escola se chovia ia de botifarras e casaco largo. E tentava esconder a mochila debaixo do chapéu para não molhar os livros. Agora nem livros nem chapéu... E nem giz atirado a quem não se digna a fazer as coisas que lhe competem.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... Infelizmente para pior.

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