quinta-feira, 9 de novembro de 2006

siRNA Therapeutics

Há uns largos meses atrás, ainda eu não pensava em nenhum tema para escrever a revisão de conjunto (trabalho que faz parte do estágio), vieram-me parar à mão alguns artigos sobre os siRNAs. Os artigos falavam essencialmente do potencial económico da introdução dos “small interference RNAs” na terapêutica de diversas doenças. Nessa altura pouco liguei aos artigos, na verdade o assunto “economia de alguma coisa que podia dar certo ou ser um falhanço total” não me suscitou grande interesse.
Cheguei a pensar propor um tema para a revisão, pensei em dissertar acerca dos Inibidores dos Receptores das Tirosina Cinases, um assunto que me interessava bastante. Como não encontrei um professor para o realizar, decidi esperar pela lista dos temas e escolher um. Foi nessa altura que o tema “siRNA: aplicações terapêuticas” começou a revelar-se muito interessante e lembrei-me que, algures entre a imensa papelada, tinha uns artigos sobre o assunto. Assim, este foi o tema que escolhi para trabalhar durante estes meses. Para finalizar algumas coincidências, foi uma agradável surpresa saber que o prémio Nobel da Medicina de 2006 foi entregue aos “pais” desta tecnologia: Craig Mello e Andrew Fire.
Em 1998 os dois investigadores publicaram o primeiro artigo sobre “RNA interference”. Esta descoberta promoveu uma revolução na área da biologia e na compreensão de outros mecanismos genéticos. De um modo bastante simplista, os siRNAs (RNAs com 21 a 23 pares de bases) são produzidos através do corte de moléculas longas de RNA de cadeia dupla pela enzima Dicer. Após separação das duas cadeias, a cadeia antisense é incorporada no complexo RISC, ligando-se posteriormente à cadeia do mRNA alvo através de complementaridade de bases. O complexo RISC vai fragmentar a cadeia de mRNA, levando à sua degradação e, consequentemente, à não tradução do mRNA na proteína por ele codificada. Este processo de silenciamento de genes pode ser aplicado na terapêutica de infecções virais (nomeadamente VIH/SIDA), cancro, doenças neurológicas e neurodegenerativas, patologias oculares…
Numa época em que se assiste a uma aposta cada vez maior nas terapêuticas relacionadas com a genética e estando numa fase inicial, espera-se que esta tecnologia apresente benefícios reais e que todo o seu potencial seja confirmado.

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