sábado, 28 de julho de 2012

Vintage #13

Uma ode ao amor. Amor inocente.

Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010

First Love

O meu primeiro grande amor durou 5 anos. Desde o 7º ao 11º ano. Ainda hoje não consigo compreender como pude gostar daquela pessoa durante toda a transição infância-adolescência. Não me posso esquecer que por ter entrado na escola com 5 anos, era quase sempre 1 anos mais nova que a maioria dos meus colegas. Ele era alto, calado, cabelo escuro. Jogava muito bem futebol. Medianamente inteligente. Apesar de tímida nunca escondi a minha paixão por ele. Mas eu era demasiado certinha para ele querer alguma coisa comigo. E foi por isso mesmo que nunca chegámos a ser sequer amigos. Esse é um grande desgosto que tenho ainda hoje. O facto de ele saber que eu era apaixonada por ele não permitia que pudesse aproximar-se de mim. Acho que sempre fui um bocadinho adulta demais para a idade, o que me trouxe bastantes problemas.

Durante este tempo tive pelo menos dois rapazes interessados na minha singela pessoa. Em tempos separados, um na preparatória e o outro no secundário. Por causa de um amor não correspondido não consegui apaixonar-me por nenhum destes rapazes. Inteligentes e carinhosos. Cada uma na sua altura foram os meus melhores amigos. Ajudaram-me muito e sou eternamente grata por isso. Tanto que tiveram direito a uma fita de curso minha, coisa que não aconteceu com o outro.

Era a altura das grandes emoções. Era tudo exponencial. Ele tinha as raparigas que queria. E isso sempre me magoou profundamente. As minhas memórias dele são quase sempre sofridas, más. Sempre fiz tudo o que podia por ele. Por todos os meus colegas, aliás. E havia outra coisa que me atormentava... Ele era completamente diferente de mim. De que iríamos falar caso acontecesse alguma coisa? Silêncio... Não queria uma relação assim.

Estes cinco anos marcaram muito a minha vida. Achei que não ia conseguir deixar de gostar dele. Tive a certeza que nunca ia encontrar ninguém que me amasse. Eu não tinha direito a um príncipe.

Até que um dia aconteceu. Tínhamos explicação de matemática juntos à noite. Um dia, ainda me lembro do que tinha vestido, saímos mais cedo e a minha mãe ainda não estava à minha espera. A zona era escura e sombria. Pensei que ele me ia ficar a fazer companhia. Apesar de nem sequer termos assunto. Nunca percebi se lhe metia medo... Não sei porque se recusou sempre a ser meu amigo. E foi quando ele disse que tinha que ir para casa e eu fiquei ali sozinha no meio da rua. A chorar, por ele, mais uma vez. De raiva!

E depois deste momento percebi que, finalmente, me tinha conseguido livrar de tudo o que sentia por ele... Porque só tive migalhas, tão pequeninas! Como ter dançado com ele quase por obrigação numa aula número 100, os colegas todos insistiram para que ele dançasse comigo. E pela primeira e única vez ouvi o coração dele bater. E ainda me lembro da música e do perfume. E das cartas secretas do dia dos namorados que lhe enviei. E das muitas vezes que ele me fez chorar. E do dia em que me disse que tinha gostado da minha prima, que lhe tinha feito uma cassete com um remix das músicas dos Smashing Pumpkins que ela tanto adorava... Porque gostou dela como nunca gostou de mim.

E foi assim que cresci. Muito.

O resto da história fica para uma outra parte!

3 comentários:

Joana Oliveira disse...

acabei a ler esta "história" quase lavada em lágrimas, por lembranças daquilo que se passou também comigo, que, mais ou menos, teve as suas semelhanças. A diferença é que nunca ultrapassei mesmo, e hoje, já casa, às vezes tenho súbitos ataques de memórias, pouco simpáticos!

Pérola disse...

Isso quase não é amor, parece masoquismo. Se amasses e fosses feliz vendo-o feliz com as outras.Mas, amavas e querias ser corenpondida, uma tragédia.
Até fiquei arrepiada.
nunca julguei possivel, um amor tão intenso nessas idades.
é óbvio que fiquei em pulgas pelos detalhes.
Essa história deve ter muitos capítulos, não?
Beijinho

CatarinaO. disse...

o quanto eu me identifico! Mas devo dizer que a maneira como escreveste isto...incrivel!