Antes vivia com os trocos contados. Bem controlados. Vestia as roupas que se podiam comprar, normalmente divididas a meias com a minha irmã. De cada vez que via alguém a pedir na rua ficava com um nó na garganta. Sempre olhei para as pessoas como um possível eu, uma possível pessoa que eu amo, uma pessoa que eu posso conhecer. O medo do imprevisto, do tapete a fugir debaixo dos pés, esteve sempre presente na minha pessoa.
Hoje tenho uma vida razoável. Mas o nó já não aparece só de vez em quando, é um estado praticamente permanente. Olhar para a rapariga da limpeza, que me parece ter a minha idade, e pensar se terá dinheiro que chegue até ao fim do mês, olhar quem se cruza comigo na rua e angustiar-me por talvez não ter comida ou medicamentos que precise. É verdade que "tenho o coração perto da boca", mas muitas são as vezes em que dou comigo a chorar por causa disto.
O nosso país chegou a um ponto muito triste, estamos num buraco muito fundo e acho que vai demorar muito tempo até vermos alguma luz... Mas tenho esperança, acredito que podemos todos fazer um bocadinho e ajudar. Só gostava que o dinheiro que me descontam todos os meses em impostos fosse mais bem aproveitado, mas isso daria uma dissertação ainda maior.
7 comentários:
Também sou assim... Custa-me imenso ver as pessoas a "contar os tostões"... e vejo muito disso na farmácia. Ao ponto a que este país chegou, eu faço ideia o que algumas pessoas devem de sofrer para terem um simples prato de sopa na mesa, é triste... muito triste...
**beijinhos
Muito triste mesmo. Custa-me principalmente ver quem me é próximo a privar-se de coisas... básicas.
Eu não consigo ver um sem-abrigo, desato a chorar. Realmente a situação do nosso país está má, mas ainda não perdi a esperança que um dia tudo vai ficar bem.
É triste...
Sinto o mesmo.
As fases que aqui descreves são precisamente as que ja passei,.
E sim esse nó na garganta é uma constante.
Concordo em absoluto com este post. beijinho
Pois é... É muito triste o estado em que este país está, também fico muito tocada quando vejo pessoas assim, o que cada vez se vê mais... Espero mesmo que isto algum dia mude.
Muitos de nós estão a caminhar para o abismo. É assustador pensar que numa qualquer porta ao lado da nossa, há pessoas a passarem fome :(
Beijinho querida
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