É uma nuvem negra que se alastra, rasteja finamente sobre o chão azul. Vai-se acumulando, viscoa, espessa. Lama que ao sujar tarda a sair. Não quero que me toque, que me contamine. Tento fugir da nuvem que se move, agora em fumaça na minha direcção. Os meus pés não tocam o chão. Raramente os coloco no chão. Dobro as pernas na cadeira. A nuvem passa por baixo, tentando alcançar-me com braços de escuridão. Não me tocou. Ainda não me tocou. A cada dia a sua densidade aumenta, a nuvem consegue chegar mais alto. Um dia chegará em que me vai tocar e sufocar. Não quero que contacte com a minha pele, com a minha essência. Não vou deixar que se aproxime mais, deixa-me doente e faz-me mal. Muito mal.
Um dia libertar-me-ei deste pó, desta massa escura que me tenta consumir.
Foto: Florence Welch
1 comentário:
Não está fácil para esses lados. Coragem que as coisas melhoram.
Bjnhos
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