domingo, 3 de outubro de 2010

Anedota

Ontem tive que voltar a entrar na Farmácia-Supermercado porque os meus medicamentos tinham acabado e eu precisava de os comprar com urgência. Ia acompanhada do meu quase marido, também ele farmacêutico. Não sei se é sugestão, sorte ou qualquer outra coisa, mas cada vez que estou à espera para ser atendida é "cada tiro, cada melro".

Ontem foi ver vender um antibiótico sem receita a uma pessoa porque esta estava com dores de garganta e pediu o dito cujo. Sem perguntar nada. Sem perguntar se pelo menos já tinha tomado aquilo alguma vez ou se foi uma amiga que lhe falou no nome, simplesmente porque se tratava de uma classe em que podem surgir reacções alérgicas a pessoas com alergia à penicilina.

A coisa já me estava a tirar do sério, quando na venda a seguir, o senhor vendeu também sem receita um anti-viral. Perguntou à pessoa se era a dosagem de 500mg ou 1000mg, ao que a menina respondeu 1000, mas que não tinha a certeza. E foi a cor da caixa que decidiu a coisa.

O que é que eu sinto quando vejo isto? Vontade de me manifestar. Mas sobretudo, vergonha... Muita vergonha!

9 comentários:

Neisseria Gonorrhoeae disse...

Eu tb me envergonho.

Já me aconteceu isso algumas vezes. Mas o mais chato, é irem à farmácia pedirem um anti-biótico, recusares dar e explicares o porquê, e eles insistirem dizendo, "então vou aquela ali ao lado, vendem-me sempre". Ai o que isto me irrita e me tira do sério.

Mas a culpa é de quem cada vez mais, faz os Portugueses olhar o sector da farmácia, única e exclusivamente do ponto de vista financeiro. Tem sido sempre assim com este governo. Não me lembro de medidas tomadas por este governo no sector da farmácia que não sejam de índole financeira. Se por acaso sabes, gostaria que me apontasses uma.

Claro que não podemos dissociar o lado financeiro do medicamento do lado terapêutico, envolve dinheiro. Mas existem formas de colocar os portugueses a olhar e dar cada vez mais importância ao lado não financeiro. Haja força de vontade e dedicação de quem tem em seu cargo a pasta da saúde.

Não percebo porque é q não existe fiscalização pura e dura do infarmed.

Jinhos e desculpa a seca e desabafo.

teardrop disse...

Neisseria,

Concordo plenamente com tudo o que escreveste! Mais fiscalização era muito importante! Depois ouvimos dizer que começam a existir cada vez mais bactérias e vírus resistentes às terapêuticas disponíveis.

O pior é que as pipelines da Indústria estão "secas" e não sei onde isto pode chegar.

Beijinhos e obrigada pelo teu comentário!

Sissi disse...

Até estou parva... E andamos nós a tentar educar as pessoas, como é que isso é possível quando existem colegas de profissão sem o mínimo de consciencia. Até mete nervos...

NA disse...

E essa maravilha ocorreu onde? NA

teardrop disse...

NA,

No sítio do costume. Aquela farmácia magnífica de que já falamos algumas vezes...

Lipa disse...

Muita vergonha mesmo! Sem mais comentários!

Fátima Santos disse...

Até doi! ver o ponto a que chega a irresponsabilidade das pessoas!

Andie disse...

Anda-se a pregar às paredes.... A começar por colegas de profissão que claramente não têm um pingo de inteligência para antever o risco que põem, não só os utentes como também as suas próprias carreiras.

Isto não é só da responsabilidade do Infarmed, é também da OF. Carteira profissional serve para muita coisa e uma delas é para comprovar que o profissional tem responsabilidade no trabalho que faz. O trabalho de farmacêutico comunitário/ hospitalar tem a responsabilidade acrescida de se ter de decidir situações como a que descreveste no teu post.

Kika disse...

Os portugueses são eximios na arte da auto-medicação, verdade? :)