segunda-feira, 2 de junho de 2008

Correndo riscos

The Corrs - Only when I sleep

Mesmo correndo o risco deste post ser uma piroseira, decidi levá-lo adiante. The Corrs marcaram uma etapa da minha vida, da qual me recordei sei lá porquê. Foi a entrada no secundário. Nem que quisesse poderia condensar aqui todas as experiências e emoções vividas naquela altura. Nem me lembro de metade das coisas, afinal já foi há alguns anos, e mesmo tendo algumas provas escritas não penso em ir lê-las. Mas também não me parece boa ideia deitá-las fora. Tínhamos um cacifo onde costumávamos deixar correspondência, sobre a vida. Amores e desamores, filosofias de vidas, os estudos e as faltas dele. A biologia vs a física. Lembro-me que todos os pequenos percalços eram uma grande desgraça. Mas quando os tempos nos pareciam alegres ficávamos esfuziantes. À distância de todos estes anos consigo perceber que se sofre muito sem qualquer razão. Podiamos ter sido tão mais felizes, mas todo o suposto grande sofrimento só serviu para nos construirmos como pessoas. Pelo menos falo por mim. As muitas visitas de estudo, onde só queriamos ir para poder estar com as pessoas de outras turmas. As viagens no autocarro ou as idas no comboio, de vez em quando, mesmo que ficasse muito longe de casa. As explicações de matemática e as horas de frio à espera. A minha borracha que aparecia misteriosamente no estojo do colega que não era da minha turma. O meu dicionário de Inglês, pobre Oxford, que correu as mãos da maioria das pessoas que me lembro e que nem me lembro... A minha invenção de pôr as fórmulas de física (sempre detestei esta disciplina) no eixo dos YY da Texas, sendo ponto assente que estas eram as únicas cábulas que admitia para mim mesma. A inter-ajuda nos testes. Os novos amigos, escola pequena e onde todos se conheciam, os amigos feitos no canal IRC da escola. O rapaz que aparecia no anúncio da tv e que levou um dia com o meu cachecol. As experiências de TLQ e TLB. O terror dos testes de matemática. O professor de filosofia que me pedia sempre para ler os tpcs. Os croissants com chocolate no intervalo grande da tarde. As fatias de pizza à hora de almoço, com uma coca-cola tirada na máquina. A contínua do cabelo preto e a loira. A tontinha do bar. O mauzão da secretaria. As olímpiadas do ambiente. O projecto de inglês para apresentar o país aos colegas estrangeiros (uma espécie de Erasmus do secundário, cujo nome não me recordo agora). A minha paixão pelos DNAs que me manteve até hoje. As festas da escola. O tempo dos graffittis e dos bonés.

E agora: está lá tudo, apenas quando me deito para dormir e consigo recordar... É o poder que uma música tem em nós!

(Para completar o ramalhete: http://www.youtube.com/watch?v=Hj5S1RCUDvM)

3 comentários:

riacrdoo disse...

Memórias dessa altura:

-Sintra,
-as brisas e os croissants da padaria da esquina,
-a sala 11, a 23 e o anf de química,
-a felicidade dos testes de química e matemática,
-o Uno no bus e nas aulas de filosofia,
-o pito de fricassé na cantina,
-as manhãs geladas de educação física,
-a micro explosão do tubo de ensaio na minha mão,
-TLBII, no WC reconvertido em lab,
-as escadinhas atrás dos pavilhões,
-o vólei no pátio,
-a descoberta do Tolkien,
-os almoços no chinês da estação,
-o pão de passas ao lanche, com compal de pêssego,

Garanto-te que são poucas ou nenhumas as memórias negativas do tempo de secundário! :)

teardrop disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
teardrop disse...

Que bom é quando despertamos as boas recordações que existem cá dentro. As nossas e as das pessoas que prestam atenção ao que dizemos.

Foquei aqui mais o 10º ano, por causa da música. Mas se fosse falar do secundário como um todo... Faltava a sala de convívio do 12º, os jogos de matraquilhos no intervalo de TLBIII à sexta tarde, o "Right here in my arms" posto a meu pedido para "pagar" a boleia com o meu pai, o futuro médico que queria ir para ciências farmacêuticas mas acabou por ir para medicina, a canção dos Marretas cantada pela professora no lab de química, as escadas que nunca passei por baixo, a biblioteca e a exposição dos contraceptivos, a C1 e os testes de matemática, os jardins interiores e a estrutura nórdica que reconheci na Dinamarca. As tardes de trabalho e os almoços de esparguete à bolonhesa na casa da T. com a C. a acompanhar, os comentários nos papéis e as conversas sem fim durante as aulas com a E., os puxões de cadeira e cabelo pela dupla dos JJ, a professora de português e o meu português prosaico. O trabalho maluco do sapal com a dupla das LL. Podia continuar a descrever. Acho que só damos valor a todos estes pequenos pontos depois de termos vivido mais um bocadinho da vida.