sábado, 20 de junho de 2015

(Re)Ajustar

Passaram 7 meses desde que dei entrada no Hospital de São João com uma pulseira laranja (que corresponde a doentes muito urgentes). Estava longe da minha terra, longe dos meus, apenas com um colega de trabalho a quem tenho muito a agradecer por tudo o que representou para mim naquele dia. A única cara conhecida, um apoio constante e a fazer de tudo para que o desfecho fosse o melhor.

Tinha-me sido diagnosticada a trombose venosa há poucos dias e estava a fazer heparina. Todas as suspeitas iniciais, felizmente, não se confirmaram e acabei por sair ainda nesse dia. A alta não me trouxe muita segurança (eu, hipocondríaca, me confesso) e passei semanas a visitar médicos, a fazer exames e a tentar perceber se a situação (cujo agravamento me podia colocar em risco de vida) já estava ultrapassado.

Foi a primeira vez que senti que podia não sair dali. Nem os piores ataques de pânico me tinham dado tamanha angústia e preocupação. Sai da triagem numa cadeira de rodas, fui colocada numa cama com elevação da cabeça para oxigenação e não podia levantar-me. Até àquele dia dizia que colocar um acesso venoso era algo que me ia trastornar... Assisti impávida à sua colocação. Ainda mais impávida fiquei quando me picaram para fazer a gasometria (e garanto que me doeu bastante, fiquei com uma nódoa negra no pulso durante uma semana). À enfermeira que me administrou a heparina na barriga, sem me dar aquele tempo que dou a mim mesma para ganhar coragem. E só posso dizer que fui muito, mesmo muito, bem tratada no São João.

E depois desse susto foi todo um re(ajustar) da vida... Novas preocupações, novas medidas de prevenção, novas rotinas, algumas para a vida. Mas, no final, não deveríamos ter todos nós mais atenção com a nossa saúde?

Ganhei sobretudo consciência que, de um momento para o outro, quando nada o faz prever, a nossa vida pode mudar completamente. Foi difícil superar? Foi. Ainda é. Mas quando me vou abaixo penso que não foi para isso que a vida me deu esta espécie de segunda oportunidade. E sigo em frente... com um sorriso.




10 comentários:

Briana disse...

O importante é que até estás bem.. Não te tira qualidade de vida.. Preocupações? Sim dá, mas desde que tenhas cuidado contigo não deve haver problema :)

Matilde disse...

Faco minhas as palavras da Briana, tambem fui operada ha seis meses atras devido a minha Sindrome de Ovarios Policisticos, vou agora iniciar a 2a parte dos tratamentos, estou confiante, so quero ter qualidade de vida e o resto vem por acrescimo, e viver um dia de cada vez e termos os cuidados necessarios*
Um beijinho grande e muita saude, e o q te desejo de coracao*

https://matildeferreira.co.uk/

teardrop disse...

Briana,
Foi exactamente isso que tentei transmitir no texto. Foi, sobretudo, um ensinamento!
Bom fim-de-semana e beijinhos :)

Matilde,
Espero que continue a correr tudo bem! O mais importante mesmo é termos saúde :)
Beijinhos grandes

Xana disse...

Muita força, espero sinceramente que tudo corra bem :)

Suse disse...

Ainda bem que não aconteceu o pior e que estás bem, de vez em quando a vida prega-nos destes sustos valentes!

Cacau disse...

No final de 2013 também tive uma trombose venosa e na alltura foi um susto e um pesadelo. Mas tudo passa, e o essencial é que estamos aqui :)

Anónimo disse...

Quando a vida nos prega partidas destas, a única coisa que podemos controlar é a nossa forma de enfrentar as adversidades. Quando o nosso corpo parece estar contra nós, temos de lhe mostrar que não vamos desistir e que conseguimos superar esse obstáculo. Por vezes nem sempre é fácil e, para pessoas como tu e eu (nervosas e hipocondríacas), o peso no nosso peito parece dificultar ainda mais o processo de recuperação, parece prender-nos e não nos deixa agir. Mas nós somos fortes, e estas situações só nos deixam mais fortes!
Beijinhos!

ps: obrigada pela mensagem; o mau humor foi passando ao longo do dia.

Diliciousblush disse...

Fico contente por saber que não passou de um susto! Beijinho grande cheio de boas energias

Verdade Indomável disse...

Gasometria dói realmente muito.
O que importa é que está tudo bem agora!
Boa sorte!

Um beijinho,

xxx
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Vespinha disse...

A minha mãe toma heparina todos os dias, e é para a vida toda. Está habituadíssima!